domingo, 30 de outubro de 2016

JUIZECO e CHEFETE...

 A estes dois termos recorreu recentemente o presidente do Senado - e do Congresso Nacional - Renan Calheiros, para referir-se ao juiz federal de primeiro grau Vallisney de Souza Oliveira e ao ministro da Justiça Alexandre de Morais. A resposta política ao pronunciamento veio de duas fontes. O presidente da Associação dos Juízes Federais Roberto Veloso retrucou: "É inaceitável que numa democracia haja esse tipo de tratamento entre os membros dos poderes. Da mesma maneira que um senador é membro do Poder Legislativo, um juiz é membro do do Poder Judiciário. Devem se respeitar mutuamente; é isso que esperamos do presidente do Senado Federal. E a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, arrematou: "Todas as vezes que um juiz é agredido, eu e cada um de nós juízes é (sic) agredido e não há a menor necessidade de, numa convivência democrática, viva e harmônica, haver qualquer tipo de questionamento que não seja nos estreitos limites da constitucionalidade e da legalidade."

De minha parte, vou ao aspecto gramatical, uma vez que os tais vocábulos causaram estranheza...

Renan Calheiros usou o Grau Diminutivo do Substantivo em sua fala. O diminutivo pode ser analítico - quando formado com a ajuda de um adjetivo - ou sintético - pela junção dos  sufixos INHO ou ZINHO. Assim sendo, no primeiro caso, as expressões seriam JUIZ PEQUENO e CHEFE PEQUENO. No segundo, JUIZINHO e CHEFINHO, ou CHEFEZINHO...
Entretanto, ao lado dessas formas populares, há as eruditas, formadas com sufixos mais raros e incomuns, entre eles ECO ( jornaleco, livreco) e ETE (ramalhete, palacete). Foi desses que o senador se valeu para, do alto de sua imponente cadeira de chefe do Poder Legislativo, expressar sua pouca consideração aos dois outros Poderes da República, definidos no artigo 2° da Constituição como "independentes e HARMÔNICOS entre si" !
O interessante, porém, é que o diminutivo nem sempre tem sentido pejorativo, negativo! Nós, brasileiros - em nossa linguagem afetiva - o usamos da melhor forma quando, com carinho, falamos benzinho, amorzinho, amoreco...

Mas certamente não foi nesse sentido que o manejou Renan Calheiros... pelo menos em relação àqueles dois representantes da trilogia republicana brasileira!