Numa atitude a um só tempo de grandiosidade e humildade, Bento XVI anunciou sua renúncia ao cargo vitalício de Papa - o 265° da Igreja Católica Apostólica Romana - : "Depois de ter repetidamente reexaminado minha consciência perante Deus, cheguei à certeza de que minhas forças, devido à minha idade avançada, não são adequadas para o exercício do ministério de Pedro."
Essas palavras mostram quão simples é esse homem, nascido Joseph Alois Ratzinger, em 16 de abril de 1927, e desde 19 de abril de 2005, líder máximo da Igreja Católica, ouvido e acatado em todo o mundo. Humano, como todos nós, ele usa um marcapasso e se ressente de outros problemas naturais da idade. Não é infalível, super-humano, como não o era Pedro que, aliás, foi chamado à atenção por São Paulo, que assim diz, na Carta aos Gálatas, capítulo 2, versículo 11: "E, chegando Pedro a Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível".
Foi o Concílio Vaticano I, realizado no papado de Pio IX, que, em 18 de julho de 1870, estabeleceu, no 4° capítulo, da 4ª Sessão, o dogma da Infalibilidade Papal. Dogma, porém, que se restringe à situação Ex Cathedra - literalmente "da Cadeira" - isto é, quando trata de questões de fé, moral e costumes.
A visão altruísta e sincera de Bento XVI fá-lo perceber quanta energia não só espiritual - que possui - mas também física e mental exige o comando de um complexo de extensão universal, que tem apresentado situações sociopolíticas e eclesiáticas intrincadas, como o déficit de US$ 18,4 milhões no exercício de 2011; os escândalos envolvendo os desvios comportamentais de prelados e fieis em várias partes do mundo; os debates sobre a posição da Igreja na questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o aborto, as divergências das linhas teológicas etc. E ele tem limitações, como nós; é humano, como nós.
A história registra uma época em que o papa era deificado. Detinha, então, não só o poder espiritual, mas também o temporal, posicionando-se acima de reis e imperadores. É bem sintomático o episódio que, no século XI, envolveu o papa Gregório VII (nascido em 1020 ou 1025, falecido em 25 de maio de 1085, tendo ocupado o trono papal de 1073 até sua morte) e Henrique IV (11.11.1050 - 07.08.1106), poderoso imperador do Sacro Império Romano-Germânico, na chamada Controvérsia da Investidura. O soberano insistia no direito de um príncipe secular presidir à investidura dos príncipes da igreja, especialmente os bispos. Contrariado com isso, Gregório VII o excomungou, no dia 22 de fevereiro de 1076. A consequência direta e imediata foi que todos os vassalos deixaram de acatar a autoridade do rei, não lhe restando alternativa senão dirigir-se ao Papa para pedir-lhe perdão! Este, que se encontrava no Castelo da condessa Matilde, em Canossa, fez o imperador esperar do lado de fora, na neve, descalço e com apenas uma túnica de lã, durante 3 dias, de 25 a 27 de janeiro de 1077. Só então, a pedido da condessa, perdoou-o!
A mesma história mostra que Bento XVI não será o primeiro papa a renunciar. Antes dele, outros o fizeram, especialmente estes quatro: Bento IX em 1045; Celestino V em 1294 e Gregório XII em 1415.
No livro "Luz do Mundo", que publicou em 2010, ele admite ser possível ao Papa resignar ao cargo, especialmente "por não se encontrar física, mental ou espiritualmente capaz de cumprir as funções". Deixa claro, entretanto, que "nunca se demitiria devido às dificuldades de seu pontificado, como no caso de abusos sexuais na Igreja", considerando que "quando o perigo é grande não se pode fugir", e "deve-se resistir e superar a situação difícil".
Com isso, demonstra que sua saída não é para não enfrentar os problemas, mas para dar lugar a quem - com mais vigor do que existe em seu combalido físico e menos idade que seus 85 anos assinalam - possa reunir melhores condições de superar as atuais dificuldades da Igreja.
Por estas e outras razões, Joseph Alois Ratzinger - o Papa Bento XVI - tem recebido palavras de apoio, solidariedade e compreensão de autoridades políticas, sociais e religiosas de todo o mundo!
Que ele possa dizer como São Paulo: "Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé"!
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
sábado, 9 de fevereiro de 2013
TIRIRICA SURPREENDE. PELA TERCEIRA VEZ!
A primeira vez que Francisco Everaldo Oliveira Silva, mais conhecido - desde a infância - como Tiririca surpreendeu foi quando, saindo da condição de palhaço, ingressou na política!
Candidatou-se logo a deputado federal e, em uma campanha algo debochada, foi também logo confessando: "O que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto"! Nas aparições no horário político na TV, com a mesma irreverência, proclamava: "Pior do que tá não fica, vote Tiririca", sempre com os mesmos trejeitos e a mesma voz que criara para sua atividade circense.
Escolhido por nada menos que 1.348.295 eleitores - tornando-se o mais votado do Brasil e segundo mais votado de toda a história do país - surpreendeu pela segunda vez. Mostrou-se um deputado assíduo, sério e responsável, cumprindo fielmente seus compromissos na Câmara. Em 2012, figurou entre os 25 indicados ao Prêmio Congresso em Foco, que elege o melhor parlamentar do ano. Não sem razão: foi um dos 9 - eu repito: 9 - dentre os 513 deputados que participaram de todas as sessões (Isso corresponde a míseros 1,8%)!
Membro da Comissão de Educação e Cultura, ali também foi cem por cento presente.
Na área legislativa, propriamente dita, um de seus projetos de lei foi aprovado por unanimidade pela Comissão de Seguridade Social e Família: garante aos artistas circenses direito de usufruir dos SUS e de matricular seus filhos em escolas da rede pública. Não passou ainda, porém, pelo crivo da (C)omissão de Constituição e Justiça.
Não usou a tribuna nenhuma vez, e esclarece: "Para falar o quê? Nenhum projeto foi aprovado. No dia em que for, eu subo para agradecer."
Agora, Tiririca surpreende pela terceira vez, ao declarar que vai deixar de ser politico para voltar a ser palhaço. "Eu sou artista popular. Aqui me prende muito. A procura de shows é enorme e não dá para fazer", é a justificativa que dá, alegando que falta tempo para se dedicar àquilo de que mais gosta: fazer shows...
Entretanto esta outra justificativa parece representar melhor seu sentimento: "Não dá para fazer muita coisa" na Câmara!
Na realidade, no íntimo, o bom e sincero palhaço Tiririca sabe que não daria certo no Parlamento: ele é sério demais para isso! Ou talvez - quem sabe - tenha medo da concorrência!
Candidatou-se logo a deputado federal e, em uma campanha algo debochada, foi também logo confessando: "O que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto"! Nas aparições no horário político na TV, com a mesma irreverência, proclamava: "Pior do que tá não fica, vote Tiririca", sempre com os mesmos trejeitos e a mesma voz que criara para sua atividade circense.
Escolhido por nada menos que 1.348.295 eleitores - tornando-se o mais votado do Brasil e segundo mais votado de toda a história do país - surpreendeu pela segunda vez. Mostrou-se um deputado assíduo, sério e responsável, cumprindo fielmente seus compromissos na Câmara. Em 2012, figurou entre os 25 indicados ao Prêmio Congresso em Foco, que elege o melhor parlamentar do ano. Não sem razão: foi um dos 9 - eu repito: 9 - dentre os 513 deputados que participaram de todas as sessões (Isso corresponde a míseros 1,8%)!
Membro da Comissão de Educação e Cultura, ali também foi cem por cento presente.
Na área legislativa, propriamente dita, um de seus projetos de lei foi aprovado por unanimidade pela Comissão de Seguridade Social e Família: garante aos artistas circenses direito de usufruir dos SUS e de matricular seus filhos em escolas da rede pública. Não passou ainda, porém, pelo crivo da (C)omissão de Constituição e Justiça.
Não usou a tribuna nenhuma vez, e esclarece: "Para falar o quê? Nenhum projeto foi aprovado. No dia em que for, eu subo para agradecer."
Agora, Tiririca surpreende pela terceira vez, ao declarar que vai deixar de ser politico para voltar a ser palhaço. "Eu sou artista popular. Aqui me prende muito. A procura de shows é enorme e não dá para fazer", é a justificativa que dá, alegando que falta tempo para se dedicar àquilo de que mais gosta: fazer shows...
Entretanto esta outra justificativa parece representar melhor seu sentimento: "Não dá para fazer muita coisa" na Câmara!
Na realidade, no íntimo, o bom e sincero palhaço Tiririca sabe que não daria certo no Parlamento: ele é sério demais para isso! Ou talvez - quem sabe - tenha medo da concorrência!
domingo, 3 de fevereiro de 2013
DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS... E DOIS AUTORES!
O senador Renan Calheiros acaba de ser eleito, pela terceira vez, presidente do Senado e, por via de consequência, presidente do Congresso Nacional - um dos três poderes da República. Foram 56 votos, contra 18 dados ao senador Pedro Taques e quatro abstenções...
Meus posts não costumam tratar de política. Embora tenha cursado pós-graduação pela USP-Adesg em Política e Estratégia, não é esse meu campo de preferência. Entretanto, não é de política, propriamente, que vou tratar aqui. É DE INIQUIDADE SOCIAL, OU DESIGUALDADE DE CRITÉRIOS. E também da perda que o povo brasileiro sofreu - ao longo desses últimos anos - da CAPACIDADE DE INDIGNAR-SE!
Há cinco anos, em 2007, o mesmo senador Calheiros renunciou à presidência da casa para não correr o risco de cassação e de perda dos direitos políticos. Pesava contra ele a acusação de ter recebido dinheiro de um lobista para pagamento de despesas de seu relacionamento extraconjugal. Isso equivaleu a uma confissão de culpa. Entretanto, absolvido pelo plenário, continuou senador. À época, o ferino Millôr Fernandes disparou: "Isto sim é um Congresso eficiente! Ele mesmo rouba, ele mesmo investiga e ele mesmo absolve"!
Apenas dois anos antes desse episódio, em 26 de novembro de 2005, Angélica Aparecida de Souza, de 19 anos foi presa - e permaneceu 128 dias na cadeia de Pinheiros - por ter tentado roubar um pote, de 200 gramas, de manteiga, no Jardim Maia, São Paulo! Ela declarou que fez isso por não suportar ver o filho de 2 anos chorar de fome! Seu advogado teve quatro pedidos de liberdade provisória negados, e só conseguiu tirá-la da prisão por ordem do Superior Tribunal de Justiça. O caso prosseguiu e a infeliz autora de um furto famélico foi condenada a 4 anos de prisão em regime semiaberto! O então presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso considerou a condenação "inconcebível e absurda".
O confronto de situações tão díspares, na mesma pátria Brasil, nos remete a dois autores: um é o nosso Manuel Bandeira e sua Pasárgada: "Vou embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei... Lá a existência é uma aventura, de tal modo inconsequente..." !
Outro é o escritor indiano de família inglesa Eric Arthur Blair que, sob o pseudônimo de George Orwell, publicou - em 1945! - seu opúsculo "A Revolução dos Bichos". Trata, em síntese, dos animais que tomam o controle de uma granja, revoltados com os humanos: "O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar arado, não corre o que dê para pegar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais".
Liderados pelos porcos, elaboram e escrevem na parede do estábulo sua regra de conduta: Os sete mandamentos. O último - e mais importante - consagra: "TODOS OS ANIMAIS SÃO IGUAIS".
Porém, com o passar do tempo, as coisas vão mudando e os princípios vão sendo, um a um, apagados. No final - como vê Benjamim - Nada havia, agora, senão um único Mandamento dizendo:
"Todos os animais são iguais.
Mas alguns animais são mais iguais do que os outros".
Meus posts não costumam tratar de política. Embora tenha cursado pós-graduação pela USP-Adesg em Política e Estratégia, não é esse meu campo de preferência. Entretanto, não é de política, propriamente, que vou tratar aqui. É DE INIQUIDADE SOCIAL, OU DESIGUALDADE DE CRITÉRIOS. E também da perda que o povo brasileiro sofreu - ao longo desses últimos anos - da CAPACIDADE DE INDIGNAR-SE!
Há cinco anos, em 2007, o mesmo senador Calheiros renunciou à presidência da casa para não correr o risco de cassação e de perda dos direitos políticos. Pesava contra ele a acusação de ter recebido dinheiro de um lobista para pagamento de despesas de seu relacionamento extraconjugal. Isso equivaleu a uma confissão de culpa. Entretanto, absolvido pelo plenário, continuou senador. À época, o ferino Millôr Fernandes disparou: "Isto sim é um Congresso eficiente! Ele mesmo rouba, ele mesmo investiga e ele mesmo absolve"!
Apenas dois anos antes desse episódio, em 26 de novembro de 2005, Angélica Aparecida de Souza, de 19 anos foi presa - e permaneceu 128 dias na cadeia de Pinheiros - por ter tentado roubar um pote, de 200 gramas, de manteiga, no Jardim Maia, São Paulo! Ela declarou que fez isso por não suportar ver o filho de 2 anos chorar de fome! Seu advogado teve quatro pedidos de liberdade provisória negados, e só conseguiu tirá-la da prisão por ordem do Superior Tribunal de Justiça. O caso prosseguiu e a infeliz autora de um furto famélico foi condenada a 4 anos de prisão em regime semiaberto! O então presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso considerou a condenação "inconcebível e absurda".
O confronto de situações tão díspares, na mesma pátria Brasil, nos remete a dois autores: um é o nosso Manuel Bandeira e sua Pasárgada: "Vou embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei... Lá a existência é uma aventura, de tal modo inconsequente..." !
Outro é o escritor indiano de família inglesa Eric Arthur Blair que, sob o pseudônimo de George Orwell, publicou - em 1945! - seu opúsculo "A Revolução dos Bichos". Trata, em síntese, dos animais que tomam o controle de uma granja, revoltados com os humanos: "O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar arado, não corre o que dê para pegar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais".
Liderados pelos porcos, elaboram e escrevem na parede do estábulo sua regra de conduta: Os sete mandamentos. O último - e mais importante - consagra: "TODOS OS ANIMAIS SÃO IGUAIS".
Porém, com o passar do tempo, as coisas vão mudando e os princípios vão sendo, um a um, apagados. No final - como vê Benjamim - Nada havia, agora, senão um único Mandamento dizendo:
"Todos os animais são iguais.
Mas alguns animais são mais iguais do que os outros".
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