domingo, 3 de fevereiro de 2013

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS... E DOIS AUTORES!

O senador Renan Calheiros acaba de ser eleito, pela terceira vez, presidente do Senado e, por via de consequência, presidente do Congresso Nacional - um dos três poderes da República. Foram 56 votos, contra 18 dados ao senador Pedro Taques e quatro abstenções...

Meus posts não costumam tratar de política. Embora tenha cursado pós-graduação pela USP-Adesg em Política e Estratégia, não é esse meu campo de preferência. Entretanto, não é de política, propriamente, que vou tratar aqui. É DE INIQUIDADE SOCIAL, OU DESIGUALDADE DE CRITÉRIOS. E também da perda que o povo brasileiro sofreu - ao longo desses últimos anos - da CAPACIDADE DE INDIGNAR-SE!

Há cinco anos, em 2007, o mesmo senador Calheiros renunciou à presidência da casa para não correr o risco de cassação e de perda dos direitos políticos. Pesava contra ele a acusação de ter recebido dinheiro de um lobista para pagamento de despesas de seu relacionamento extraconjugal. Isso equivaleu a uma confissão de culpa. Entretanto, absolvido pelo plenário, continuou senador. À época, o ferino Millôr Fernandes disparou: "Isto sim é um Congresso eficiente! Ele mesmo rouba, ele mesmo investiga e ele mesmo absolve"!

Apenas dois anos antes desse episódio, em 26 de novembro de 2005, Angélica Aparecida de Souza, de 19 anos foi presa - e permaneceu 128 dias na cadeia de Pinheiros - por ter tentado roubar um pote, de 200 gramas, de manteiga, no Jardim Maia, São Paulo! Ela declarou que fez isso por não suportar ver o filho de 2 anos chorar de fome! Seu advogado teve quatro pedidos de liberdade provisória negados, e só conseguiu tirá-la da prisão por ordem do Superior Tribunal de Justiça. O caso prosseguiu e a infeliz autora de um furto famélico foi condenada a 4 anos de prisão em regime semiaberto! O então presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso considerou a condenação "inconcebível e absurda".

O confronto de situações tão díspares, na mesma pátria Brasil, nos remete a dois autores: um é o nosso Manuel Bandeira e sua Pasárgada: "Vou embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei... Lá a existência é uma aventura, de tal modo inconsequente..." !
Outro é o escritor indiano de família inglesa Eric Arthur Blair que, sob o pseudônimo de George Orwell, publicou - em 1945! - seu opúsculo "A Revolução dos Bichos". Trata, em síntese, dos animais que tomam o controle de uma granja, revoltados com os humanos: "O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar arado, não corre o que dê para pegar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais".
Liderados pelos porcos, elaboram e escrevem na parede do estábulo sua regra de conduta: Os sete mandamentos. O último - e mais importante - consagra: "TODOS OS ANIMAIS SÃO IGUAIS".
Porém, com o passar do tempo, as coisas vão mudando e os princípios vão sendo, um a um, apagados. No final - como vê Benjamim - Nada havia, agora, senão um único Mandamento dizendo:

"Todos os animais são iguais.
 Mas alguns animais são mais iguais do que os outros".


Um comentário:

  1. Não quero estar no lugar destes que tem a oportunidade de mudar a vida de tantos e usa pra fins próprios, quando a morte lhe bater a porta e o cobrador aparecer.

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