quinta-feira, 10 de outubro de 2013

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO... NA BÍBLIA!

"Comunicação é importante demais para ser usada de qualquer jeito, atabalhoadamente, especialmente no mundo corporativo. Ao contrário, deve merecer cuidadosa preparação. Como advirto no Curso de Oratória Moderna: 'Antes de ligar a boca, ligue o cérebro!'"

Essa frase consta do meu mais recente artigo para a coluna "Comunicação e Expressão", que mantenho na revista Apólice. Ali o título é mais longo: "Estratégias de Comunicação na Bíblia: I - Terceirização".
Nele, refiro-me à "saia justa" em que se viu o profeta Natã, incumbido por Deus de mostrar ao rei Davi os graves pecados que ele cometera. O poderoso soberano, encantado com a beleza de Betsabá, mulher do soldado Urias - a quem vira se banhando - mandou trazê-la ao palácio, possuiu-a e depois, ao saber que ela engravidara, tentou disfarçar seu delito. Chamou Urias da frente da batalha, jogou-lhe uma "conversa-de- cerca-lourenço" e mandou-o para casa, pensando: ele dormirá com a esposa e o problema se resolverá. Afinal, não existia exame de DNA nem de investigação de paternidade...
O soldado, porém, não foi para casa, nas duas tentativas do rei, mas ficou no pátio do palácio.
Frustrado seu plano, Davi arquiteta outro, mais drástico e cruel: manda ao comandante Joabe que ponha Urias em posição tal que seja morto. Consumado o fato, tranquila e despudoradamente, o rei toma Betsabá por esposa. Até aí, sua "folha corrida" registra: cobiçar a mulher do próximo; praticar adultério e cometer homicídio! E homicídio qualificado: por motivo torpe e por impossibilitar a defesa da vítima!
Deus então ordena a Natã que vá apontar esses pecados ao rei!
Astuto, ele faz aquilo que chamo de "estratégia de terceirização". Conta a Davi o caso de dois vizinhos: um riquíssimo, senhor de grandes rebanhos e outro, pobre, que só possuía uma ovelha. Vindo visita à casa do homem rico, ele manda matar a ovelha do pobre para servi-la ao visitante. Ao terminar de ouvir o caso, irado e indignado, o rei explode: "Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso"!
Natã, então, fulmina: "Esse homem és tu"!
Certamente Natã não obteria o mesmo resultado se falasse diretamente sobre o assunto. Por outro lado, a decisão do rei seria bem outra, se soubesse que ia julgar a si próprio!
Antoine de Saint-Exupéry coloca nos lábios de um de seus personagens, o rei de um planeta solitário, estas palavras, dirigidas ao Pequeno Príncipe:
"Tu julgarás a ti mesmo. É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo do que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio" 



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