quarta-feira, 13 de agosto de 2014

EU ESTOU AVOANDO...

Hoje, por volta das 12h00, meu amigo e colega Bento Pucci Neto chamou-me ao celular. Estava chegando a São Paulo e queria saber se poderíamos almoçar juntos.
- Desculpe, amigo, mas estou AVOANDO!
- Voando? Exclamou admirado! (Afinal, o piloto é ele!)
- Não, eu não estou voando; estou AVOANDO: isto é, cumprindo a nobre função de AVÔ! Estou no Ibirapuera, andando de bicicleta com minha netinha, que ficará conosco só até domingo e depois voltará para a Itália, onde mora com o pai e a mãe, minha filha, Filha querida, que já reside naquele distante país há dezessete longos anos...
Sua história não difere da de tantos outros jovens egressos dos cursos universitários.
Durante sua formação em Psicologia, fez árduos estágios na própria universidade, em instituições do mundo corporativo, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, no Hospital do Mandaqui, na antiga FEBEM e até no Presídio do Carandiru, capacitando-se para obter um bom desenvolvimentona área a que resolvera dedicar sua vida.
Durante sua formação, apaixonou-se pelo trabalho científico-humanitário de Franco Basaglia (1924-1980), um notável psiquiatra italiano, que revolucionou o conceito de tratamento de doentes mentais. Em 1973, o Serviço Hospitalar de Trieste, dirigido por ele, foi considerado pela OMS - Organização Mundial da Saúde como referência mundial para a reformulação da assistência à saúde mental. Em 1978, a lei número 180 (Lei Basaglia) estabeleceu a extinção dos manicômios na Itália.
Estando no Brasil em 1979, Basaglia visitou o Hospital Colônia, em Barbacena, e o comparou aos campos de concentração nazistas! Fundada em 1903, a instituição tinha capacidade para 200 internos, mas, em 1961, abrigava - pasmem - 5000 seres humanos! Transportados em vagões de carga, no chamado   "Trem de doido",  eram parte do contingente das "pessoas não agradáveis": opositores políticos, prostitutas, homossexuais, mendigos, pessoas sem documentos e outros marginalizados. Constituíam, a bem da verdade, uma versão tupiniquim da maldita segregação - ou "depuração" - social.




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