"A ocasião faz o ladrão", diz antiga e conhecida frase, que serve de desculpa para muitos desonestos. Mas, de fato, a ocasião faz o ladrão?
O recente caso do casal de moradores de rua que, tendo achado um pacote contendo R$ 20.000,00, o entregou a polícia, mostra que a frase não é verdadeira. Os dois tinham TODOS os motivos para ficar com aquele valor que, para sua mísera condição de vida, era uma verdadeira fortuna. Há que se ponderar que, em primeiro lugar, o dinheiro não fora fruto de furto ou roubo; em segundo lugar, fora achado junto a uma árvore; e, em terceiro: eles não conheciam seu verdadeiro dono. Qualquer consciência mediana ficaria aliviada e tranquila com isso. Poderiam até recorrer a outro conhecido chavão:: "Achado não é roubado". Ninguém, portanto, poderia condená-los nem mesmo censurá-los.
Paro aqui para pensar em tudo o que poderiam fazer com aquele montante de dinheiro vivo! No mínimo, comprar um barraco e acrescentar um pouquinho mais de conforto à miserável situação de ter apenas uns cobertores velhos e umas panelas ainda mais desgastadas, reunidos sob um viaduto. Afinal, segundo consta, um barraco custa de dois a cinco mil reais...!
Entretanto, sua dignidade pessoal, seu senso de justiça levou-os a depositar nas mãos da polícia o seu achado, demonstrando que pobreza - miséria, até - não traz em seu bojo, necessariamente, a desonestidade! Aliás, as notícias mais recentes têm mostrado exatamente o oposto: o foco, o nascedouro, o ninho e o nicho da despudorada desonestidade que assola o país é, precisamente, o lado mais abastado da sociedade...!
O urubu, que se nutre de carniça, sente o cheiro da podridão a quilômetros de distância e vai buscá-la onde estiver. A pomba - tão simples e pura como aquela que pousou sobre o esquife de D. Eugênio Sales - pode morrer de fome, ao lado de tal "alimento", mas não o tocará jamais! Não se pode negar a própria natureza!
Um texto à luz da razão, obrigado pela reflexão JB, nada mais teria a acrescentar.
ResponderExcluirBom dia, Rafa, obrigado pelo comentário. Realmente, o objetivo era levar-nos a refletir sobre fatos que desmentem frases feitas, muitas vezes, para encobrir ou justificar maus atos!
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