quarta-feira, 23 de setembro de 2015

AS PEDALADAS DA DILMA...

Não, não vou falar sobre as famigeradas pedaladas fiscais. Dessas cuidam o Tribunal de Contas e o Legislativo Federal...
Vou me restringir ao singelo campo das PEDALADAS VERBAIS da suprema mandatária danação (o cacófato é proposital). O curto espaço de que disponho neste blog não permitirá listar mais do que umas poucas dentre as muitas perpetradas por ela.

Em fala recente, ela lamentava não poder cumprir a promessa de entregar "AS CINCO MILHÕES de casas" que havia prometido... Então vamos lá à regra básica de concordância nominal, que diz que os termos secundários (complementos e adjuntos) concordam com o termo essencial (substantivo ou palavra substantivada). Ora, no presente caso, MILHÕES é o termo essencial. E é do gênero masculino. Logo, a expressão correta é "OS CINCO MILHÕES de casas".
Alguém poderá perguntar: "Mas, não seria possível concordar com "casas"? Afinal, é também um substantivo! NÃO! O substantivo precedido de preposição passa a ser um mero adjunto adnominal!

Mas há pedaladas mais sérias, que extrapolam a área da Gramática e atingem a Geografia. Foi o caso de seu discurso em Roraima. Esse estado da federação, anteriormente criado como Território Federal, pelo Decreto-lei 5812, de 13 de setembro de 1943, tem por capital a cidade de Boa Vista. Pois bem, ali, empolgada, ela declarou ser Roraima "a capital mais distante de Brasília"! Para arrematar, proferiu, em clima de empatia, "Eu me considero hoje uma RORAIMADA"!
RORAIMADA? Em que se baseou para sair com um disparate desses? Vamos lá à Gramática?
Entre as classes de palavras, logo após o Substantivo vem o Adjetivo: "palavra que se refere ao substantivo indicando-lhe um atributo". O Adjetivo se classifica em: Restritivo, Explicativo e Pátrio ou Gentílico. É restritivo quando cita uma qualidade não obrigatório do substantivo a que se refere. Por exemplo: homem bom. Pergunta-se: todo homem é bom? NÃO. Logo, essa qualidade se restringe a ESTE homem. Por isso, o adjetivo é restritivo. Por sua vez, o Explicativo é aquele que "chove no molhado", agregando uma qualidade obrigatória, como em homem mortal.
Já o gentílico indica a origem do ser: peixe paraense (do Pará); poeta baiano (da Bahia) etc.
É bem verdade que há alguns que fogem a esse princípio geral e são exóticos. É o caso de carioca, que se refere a quem é da cidade do Rio de Janeiro, designação que se deve ao rio chamado Carioca, que nasce na Floresta da Urca e deságua na Baía da Guanabara. Se, porém, a referência for ao natural do Estado do Rio de Janeiro, o termo é fluminense, cuja origem é a palavra latina flumen, que significa rio.

Agora, complicado mesmo é o gentílico dos nascidos na capital da Bahia: Soteropolitano! Por quê? Porque vem do vocábulo grego Soter, que se traduz por Salvador e tem ligação com a história do Cristianismo! Além da cruz, os primeiros cristãos usavam como símbolo secreto de sua fé a figura de um peixe, que em grego é ICHTYS. Para eles, uma sigla, cujo significado era Yesous Christos Theou Yios Soter: Jesus Cristo, filho de Deus, Salvador!

Voltando a Roraima: em sua maioria, os adjetivos gentílicos terminam em ANO: baiano, sergipano; alagoano: ou em ENSE: cearense, piauiense, belenense etc... Então, seria natural que a presidente escolhesse uma destas formas: RoraimANA ou - acertando - RoraimENSE! 
Não se sabe porque cargas d'água, ela partiu para uma inusitada RORAIMADA...!

No Ceará, após cumprimentar a mulher cearense, proclamou: "Aqui não só fez tudo, mas inaugurou o Brasil! Não vamos esquecer aonde (sic) o Brasil começou"!
Ao voltar de sua viagem aos Estados Unidos, relatou: "Ontem eu disse pro Presidente Obama que depois que a pasta de dente sai do dentifrício, ela dificilmente volta pra dentro do dentifrício..."

Sobre a terra lusa, comentou, enfática: "Em Portugal, de onde acabo de vir, o desemprego bera (sic) 20%, ou seja: um em cada quatro portugueses ESTÃO (sic) desempregados"!

Sua fala foi precisa e objetiva sobre a meta de seu governo: "Nós não vamos colocar uma meta. Nós vamos deixar uma meta aberta. Quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta"!

Para fechar com chave de ouro, nada melhor do que esta inteligente e inteligível saudação: "Nenhuma civilização nasceu sem ter acesso a uma forma básica de alimentação e aqui nós temos uma, como também os índios e os indígenas americanas têm a deles. Temos a mandioca e aqui nós estamos e, certamente, nós teremos uma série de outros produtos que foram essenciais para o desenvolvimento de toda a civilização humana ao longo dos séculos. Então, aqui, hoje, eu tô saudando a mandioca, uma das maiores conquistas do Brasil"!

Depois de tudo isso, é oportuno lembrar aqui a recomendação básica de meu Curso de Oratória: "Antes de ligar a boca, ligue o cérebro!"

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