segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

AS (MUITAS) FACES DA VIOLÊNCIA

O que está acontecendo com o  nosso mundo?
A violência graça em todas as partes da terra, das mais diversas formas. Por quê?
Talvez a resposta mais antiga, simples e singela esteja nas palavras de Cristo, registradas no Evangelho de Mateus, capítulo 24, versículo 12:

"E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará"

O crescimento da população do planeta vem acompanhado da multiplicação da iniquidade.
Segundo o dicionário Aurélio, iniquidade é "falta de equidade. Contrário à equidade. Perverso, malévolo, extremamente injusto." Matias Aires, em "Reflexões sobre a vaidade dos homens", pondera: "Assim como é justa a vaidade de um rei justo, também é iníqua a vaidade de um tirano."
No âmago de todo ato iníquo - que é, em essência, uma forma de violência - há sempre a extrapolação do ego de alguém, situado no topo de uma estrutura de poder. E a iniquidade, sendo por definição dicionarista, algo "perverso, malévolo, extremamente injusto", é o "esfriamento" do amor; o oposto desse nobre sentimento, que deve nos aproximar de Deus e de nosso próximo!
Não é sem razão que no cerne de todas as manifestações populares que hoje se registram, estão os movimentos sociais, o clamor por condições mais equânimes, mais justas para todos os segmentos da sociedade, especialmente aqueles mais atingidos pelo abismo entre os que tudo têm e tudo podem e os que pouco ou nada possuem - seja em bens materiais, seja em termos de liberdade e de bens intangíveis.

Neste momento, em vários pontos da terra, o ódio - face visível da violência - explode. Na Ucrânia, na Síria, no Afeganistão, na Venezuela... Esta é uma de suas faces.
Aqui no Brasil,  nos últimos tempos, nossa reconhecida tradição de paz e harmonia tem sido substituída por algo que sempre foi estranho a nós: a extrema agressividade das manifestações de rua. Em todas elas, vândalos mascarados ou não destroem propriedades públicas e privadas e agridem ostensivamente as forças policiais. No Rio de Janeiro, já fizeram uma vítima fatal. O cinegrafista Santiago Andrade, de 49 anos, morreu em consequência de um rojão disparado por um mascarado - agora já desmascarado - quando desempenhava sua função de registrar os fatos e trazê-los ao conhecimento da sociedade.

Entretanto, há outra face da violência em nosso caso. Caio de Souza, Fábio Raposo e mesmo "Sininho" são apenas pontas de lança; são só a parte visível do iceberg. Talvez até mesmo "pau mandado" de quem, em posições mais elevadas da estrutura política e social, apoiam, fomentam, estimulam, respaldam e até remuneram essas arruaças, cada vez mais agressivas, descontroladas e perigosas. Reportagem da revista Veja de 19 deste mês, refere-se aos "olhares benevolentes de políticos e francamente deslumbrados de alguns artistas".Um deles - Caetano Veloso - após declarar que "Anarquismo é lindo", posou fantasiado de mascarado! O texto relata, também, as palavras de um professor da FGV-SP, para quem os black blocs são "vítimas da violência cotidiana praticada pelo estado"!

Por fim, uma forma fria e requintada da mesma violência consiste em violentar a vontade expressa da sociedade - materializada em solicitações, documentos e manifestações de seus segmentos mais significativos -  e impor a vontade monocrática de uma autoridade. Sem dúvida, uma autoridade legítima e competente, mas sem demonstrar a sensibilidade que deve pautar as decisões de quem se acha revestido do Poder Público. A referência, já deu para sentir, é ao Provimento do Excelentíssimo Senhor Corregedor Geral da Justiça de São Paulo que, apesar da demonstração fática de todos os benefícios trazidos à sociedade paulistana pelo CDT - CENTRO DE ESTUDOS E DISTRIBUIÇÃO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS, determinou sua extinção! A racionalização e simplificação dos trabalhos de registro; a economia de dinheiro e de tempo e a equidade estabelecida entre os serviços prestados pelos 10 Cartórios da capital irão por água abaixo. No campo social, mais de 80 funcionários serão despedidos e suas famílias sofrerão as consequências desse mal..
Talvez valesse a pena lembrar um velho adágio jurídico, do tempo dos romanos: "SUMMUM JUS, SUMMA INJURIA" - O Direito, levado ao extremo, representa extrema injúria!!



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