"PESSACH", para os judeus (a palavra significa "passagem"), rememora a cerimônia instituída no Egito, na véspera da saída do povo hebreu rumo à Terra Prometida. Representa tanto a passagem da escravidão para a liberdade, como a passagem do anjo do Senhor que, em cumprimento à última praga, traria a morte a todos os primogênitos. Menos para as casas que estivessem com suas portas marcadas por um sinal muito especial. O livro de Êxodo - o segundo da Bíblia - narra, no capítulo 12, o evento com detalhes, muito dos quais bem conhecidos nossos. A começar pelo sinal já referido: o sangue de um cordeiro sem mácula, que seria sacrificado para salvar aquela casa. O versículo 14 determina: "Este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo."
PÁSCOA, para os cristãos, traz igualmente o sentido de passagem. Da morte - em decorrência do pecado - para a vida, pela salvação por Cristo. A simbologia do sangue do cordeiro imaculado da "Pessach" encontra paralelo no sangue de Jesus, "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" na expressão textual do Evangelho de João, capítulo 1, versículo 29. Por isso, disse Jesus na celebração da última ceia com seus discípulos, ao servir-lhes o vinho: "Isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento (Nova Aliança) que é derramado por muitos, para remissão dos pecados" (Mateus 26:28). Páscoa traduz, igualmente, a vitória de Jesus sobre a morte, pela ressurreição e também a gênese do Cristianismo. Rui Barbosa dirá: "De uma palavra anunciada, um 'surrexit', emergiu o mundo cristão"!
O COELHO DA PÁSCOA é "corpo estranho", não pertencente a nenhuma dessas fontes. Surgiu com o sincretismo religioso, em que algumas datas e símbolos pagãos se incorporaram ao incipiente cristianismo, como forma de facilitar sua assimilação. A festa em homenagem a EOSTRE, deusa da fertilidade e do renascimento, de tradição anglo-saxônica, celebrava o início da primavera, com a volta do sol e das flores, dando NOVA VIDA à terra. Um dos símbolos integrantes de seu culto era a LEBRE (que acabou sendo trocada pelo coelho!). Essa origem se conserva no nome que a páscoa tem em alemão: OSTERN, e em inglês: EASTER. Por outro lado, associa-se o coelho ou a lebre à ideia de FERTILIDADE, por sua rápida e fértil reprodução. Ofertar um desses animais a alguém significava, portanto, desejar-lhe PROSPERIDADE.
O OVO DE CHOCOLATE, por fim, completa o quadro simbólico. o ovo representa a VIDA LATENTE, aquela que vai surgir - ou ressurgir - como as flores na primavera. A pessoa que o oferece a outrem, deseja-lhe a conservação da vida, a LONGEVIDADE. No início, os ovos eram de galinha, cuidadosamente decorados. Em alguns países do norte europeu, o hábito ainda existe. No Novo Mundo, ele passou a ser substituído pelo ovo de chocolate - cá entre nós - muito mais saboroso. E... muito, muito mais calórico!
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